Em destaque: Marcos Paiva, foto de Maria Clara Villas
Para as nossas publicações sobre o tema Um fim de semana à parisiense sem sair de São Paulo, não poderíamos não falar sobre música. Parisé uma cidade riquíssima em lugares para se ouvir músicaao vivo. É por isso que a redação de O Melhor de Paris chamou Marcos Paiva, músico profissional e apaixonado por vários estilos musicais, que compartilha conosco alguns dos melhores ambientes musicais de São Paulo.
O Melhor de Paris: Bom dia, Marcos. Tudo bem? Você poderia nos falar um pouco sobre seu percurso como músico?
Marcos Paiva: Bom dia, Amandine! Com certeza. Sou músicoprofissional e moro em São Paulo há 16 anos. Toco contrabaixo e atuo no mercado da MPBe do samba. Toquei durante muitos anos com cantorese cantorase, a partir de 2013, comecei a trabalhar em projetos mais pessoais, com discos de jazzinstrumental. Em 2013, gravei um disco em tributo ao baterista Edison Machado, que é um músico conhecido no estilo samba-jazz, uma música que nasceu nos anos 1950, antes da bossa nova. Foi um período muito rico da música brasileira. 2015, lancei o CD Choroso que é a mistura interessante de choro e jazz. E, agora em abril, lanço um CD em duo chamado Bailado. Também continuo trabalhando como contrabaixista e também arranjador para outros artistas.
Enquanto músico, quais lugares você nos aconselharia para ouvir boa música ao vivo em São Paulo?
Existem muitos lugaresde que gosto bastante. Fiz uma seleção de cinco lugares especialmente para as suas leitoras.
O primeiro é a Casa da Francisca. Um lugar muito charmoso onde cabem no máximo 70 pessoas. Fica no Jardins. Lá é muito gostoso porque privilegiam a músicamesmo. Em particular, o serviço é cortado durante o show. Você janta antes da músicacomeçar. A comida é deliciosa e o lugar oferece cervejas diferentes também. Toca-se músicabrasileirade todos os tipos, MPBe também muita músicaautoral, pois é realmente um lugar que valoriza a música e os artistasbrasileirosda nova geração. A programaçãodeles é bem variada e sempre boa, podem ter certeza. (Casa de Francisca, Endereço: R. José Maria Lisboa, 190 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01423-000 Telefone:(11) 3052-0547)
Um outro lugar interessante é o Jazz B, que fica no centro de São Paulo. É muito focado no jazz, com comida também boa, com certa sofisticaçãona decoração e onde se ouve os grandes músicosde São Paulo. (JazzB, Rua Gen. Jardim, 43 – Vila Buarque, São Paulo – SP, 01223-011 Telefone:(11) 3257-4290)
Jazz B, Rua Gen. Jardim, 43 – Vila Buarque, São Paulo.
Também é legal ir ao Jazz nos Fundos, que é do mesmo dono do Jazz B. Esse também é um lugar atrativo e está sempre muito cheio. Servem boa comida e cervejas diferentes, com bom atendimento e sempre uma ótima música. É um lugar inusitado, pois fica no fundo de um estacionamento. (Jazz nos Fundos, R. João Moura, 1076 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05412-002 Telefone:(11) 3083-5975)
Enfim, se quiserem um lugar para sair com os namorados, eu aconselharia em particular o Madeleine, na Vila Madalena. Ele é mais afrancesado, com uma gostosa programação de música, nem sempre ligada ao jazz, mas é um ambiente pequeno e bem romântico. (Madeline, R. Aspicuelta, 201 – Vila Madalena, São Paulo – SP, 05433-010 Telefone:(11) 2936-0616)
Jazz nos Fundos, R. João Moura, 1076 – Pinheiros, São Paulo.
E qual é o ponto em comum, você diria, entre esses lugares e os clubes parisienses?
Quando eu vou a Paris, nunca perco uma ocasião de ir a um dos famososclubes de jazz que tem por lá. Acho que o ponto em comum dos lugares onde se toca músicaao vivo, seja em Paris, seja em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo, é a paixão pela música que vem tanto dos músicoscomo do público, e que se transmite.
Marcos Paiva por Mauricio Landini
E quais são seus projetos atuais?
Estou lançando um novo disco, chamado Bailado, que é um duo comigo no contrabaixo e meu parceiro Daniel Grajew no piano. Interpretamos um repertório que vem das primeiras músicas brasileiras, ou seja, músicas que vêm da dança (polca, lundu, maxixe e samba). Estamos falando de músicas de 1870-1880, mas claro que as tocamos de uma maneira contemporânea. Começaremos, já em abril, uma turnê em Minas Gerais antes de continuar com os shows em São Paulo. É um repertório baseado no choro, mas que permite a música erudita e o jazz. Como o choro é justamente um estilo muito influenciado pela música erudita e, por outro lado, eu e o Daniel Grajew viemos do jazz, acabamos misturando os estilos. É um trabalho suave e delicado, mais feminino. Aproxima-se da música brasileira para se afastar do jazz brasileiro. Com esse projeto estamos, também, fechando datas para tocar em Paris nos meses que virão.
Muito obrigada, Marcos! Ficamos com muita vontade de ir aos lugares que você nos aconselhou e, também, de conhecer mais sobre o seu trabalho e essa música refinada que você propõe.